BROA DE AVINTES


"S. Mamede te levede! São Vicente te acres­cente! S. João te faça pão! A Virgem Nossa Senhora te deite a sua divina benção e o Santíssimo Sacramento a sua divina virtude, pois eu da minha parte fiz tudo quanto pude!"
(benzedura das padeiras de Avintes enquanto amassavam o pão)


A Broa de Avintes, também designada como Boroa de Avintes (especialmente pelos habitantes de Avintes, uma freguesia do concelho de Vila Nova de Gaia) é um tipo de pão em formato pentagonal de torre sineira, tradicionalmente consumido no Norte de Portugal e uma das iguarias mais típicas da gastronomia portuguesa, sobretudo em entradas (como “coentros com broa de Avintes” ou com presunto), para acompanhar caldo verde, pratos de bacalhau, sardinhas, caça. Por altura do Natal esta broa frita é também uma comida típica de lares nortenhos.
Trata-se de um pão castanho-escuro e muito denso, com um sabor distinto de outros e intenso, agridoce, feito com uma mistura, em partes iguais, de farinha de milho e centeio e mel. O seu processo de produção é lento, pois coze cerca de cinco a seis horas em forno de lenha, de preferência de pinho. No final da cozedura as broas devem ficar bem secas e abafadas até arrefecerem. Finalmente são polvilhadas de farinha.
Ligados à sua produção estão os chamados "segredos" que residirão no conhecimento de experiência feito dos panificadores de Avintes. Subsistem, também, algumas superstições relacionadas com a amassadura e cozedura, envolvendo rezas, como acontece, aliás, no resto do país quando se faz pão à moda antiga.
Hoje em dia, o fabrico da broa está industrializado. Todavia, a bem da tradição, o povo de Avintes tem mantido a sua produção artesanal.
Com o intuito de preservar e divulgar a história e tradição desta iguaria – além da divulgação de obras literárias relacionadas com a cultura avintense - foi criada a Confraria da Broa de Avintes. Com finalidade idêntica, desde 1988 que anualmente se celebra em Avintes, na última semana de Agosto, a festa da broa.
A Broa de Avintes ganhou imponência e significado no século XVIII, devido à introdução e aproveitamento dos produtos panificáveis do milho, o que fez com que a moagem dos cereiais fosse a principal ocupação em Avintes nesta época. Aliado à existência de terras de regadio, à existência de centeio e de lenha, aos recursos hídricos (rio Douro) e com a proximidade a uma grande cidade como o Porto, estavam criadas condições para os avintenses prosperarem. Há registos de que em 1747 coziam-se, por semana, na freguesia, 96 carros de pão e em 1758 moíam-se semanalmente 7.500 kg de farinha e transportava-se, para sustento da cidade do Porto, 3.840 kg de pão cozido. A produção da Broa de Avintes obteve tamanha importância, que por altura das invasões francesas (século XIX) a freguesia foi poupada ao saque geral para que se continuasse a fornecer o alimento à cidade do Porto.

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