Azeitona Britada | Algarve ou Alcaparras | Mirandela
[fotos: sicomelhor.pt / A voz do Algarve]
"A azeitona e a fortuna; às vezes muita e às vezes nenhuma."
- Provérbio Português
Espécie característica do Nordeste serrano algarvio, são azeitonas
colhidas ainda verdes, maiores e carnudas.
Apanham-se em finais de Setembro e são esmagadas (britadas ou
marteladas), uma a uma, com uma pedra, ou entre duas pedras, ou por meio de
outro utensílio próprio – desde que não seja de metal, para evitar oxidações.
Esta pancada é dada na intensidade suficiente para não esmagar o caroço (no
Algarve) ou só para o extrair (Mirandela).
Na região transmontana de Mirandela começa-se por se colocar as
azeitonas / alcaparras numa saca de rede e deixam-se a curar em água
corrente, preferencialmente de uma ribeira de água limpa. Uma semana depois
podem ser consumidas temperadas com sal, azeite, vinagre e orégãos.
Já a Sul, depois de britadas são postas num balde e cobertas de água,
durante uma a duas semanas, mudando-se a água diariamente. Após perderem a
acidez, as azeitonas são acondicionadas noutro recipiente, cobertas com uma
proporção de 5 porções de água para 1 de sal, por mais uma semana. À mesma,
todos os dias se muda essa mistura - contudo, manda a tradição que entre o
momento em que são colocadas em água e sal até serem consumidas, as azeitonas
não devem ser colocadas com a mão. Quando já não amargam muda-se de
recipiente e tempera-se a gosto com orégãos e outras ervas aromáticas, alhos
esmagados, casca de limão. Ficam mais uns dias neste preparado até serem
consumidas - preferencialmente entre finais de Setembro e Dezembro / Janeiro.
Tanto a Norte como a Sul, as alcaparras ou azeitonas britadas servem de
aperitivo, acompanham uma entrada ou prato principal, uma salada ou petisco
com outros produtos das respectivas regiões.
A tarefa de britar azeitonas é feita em casa e constitui um costume
antigo de conservar o produto. No caso do Algarve, há relatos do processo
datados do século XVI mas pensa-se que este saber fazer é tão antigo quanto a
existência de oliveiras na região.
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