CASPIADAS OU ESCALDADAS | ILHA TERCEIRA, Açores



“As caspiadas de base achatada e arredondados por cima, que Veiga de Oliveira refere como típicos da Terceira (citando Luís da Silva Ribeiro), e que algures na Europa eram conhecidos como o “topo de caveira”, por pretenderem assim imitar o crânio ou caveira dos mortos.”

As Caspiadas (ou Escaldadas), confecionadas à base de farinha de milho, farinha de trigo, ovos, açúcar, leite, manteiga, canela em casca, erva-doce, folhas de laranjeira azeda e erva de Nossa Senhora, são bolinhos de base achatada e arredondados, do tamanho de uma mão fechada, com cerca de 12 cm de diâmetro, cozidos em forno de lenha.
Às Caspiadas (ou Escaldadas) é dado ênfase na configuração do bolo, preferencialmente enrugado e que lembre o topo de uma caveira, uma vez que se trata de uma iguaria essencialmente ritual, alusiva ao culto dos mortos, entre nós ao cerimonial do Pão por Deus que tradicionalmente decorre todos os anos a 1 de Novembro. Diz quem as faz, que as melhores são as que, precisamente, ficam com uma racha, o que (para quem conhece a ligação à caveira), lembra mais esta.
Estes bolinhos oferecidos às crianças pelo Pão por Deus, remontarão a uma tradição que poderá vir na sequência de um ritual tibetano do culto dos mortos e adoptada depois por algumas tribos célticas. Este manjar ritual, identificado com um sistema de crenças religiosas europeia de milhares de anos e base das religiões Indo-Europeias, terá chegado aos Açores por influência da Flandres no território.

Tal como com os doces, rebuçados, castanhas, laranjas, etc., também as Caspiadas assentam no pressuposto de que as dádivas seriam apreciadas pelos mortos (em nome de quem são oferecidas), ao serem saboreadas pelas crianças.

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