Tortas de Guimarães | Guimarães

 


“(…) Nós somos mais

Feitos de encontros

Nós somos nós também nos outros

Romper o cerco, saltar o muro

Vencer o medo e sair do escuro

Já são alvores de uma batalha (…)”

 

[In: Tantos Beijos Por Dar - tema cantado por artistas vimaranenses, na sessão solene municipal das comemorações do 24 de junho – Dia Um de Portugal]

 

De “torta” só o nome. De facto, as Tortas de Guimarães não têm a forma esperada, na aceção da palavra, mas parecem-se mais a pastéis recheados com a massa dobrada em mais ou menos meia circunferência com ligeira saliência ao centro.

Crocantes, são confecionadas durante algumas horas com banha, farinha, sal, água, açúcar, pau de canela, chila, ovos, amêndoa. Arrátel, quarta ou quartilho são medidas de referência na preparação deste símbolo da cidade de Guimarães.

A origem do doce remonta às exímias freiras clarissas do convento de Santa Clara de Guimarães (atual edifício da Câmara Municipal). Para além da justificada necessidade de escoamento das gemas de ovos que sobravam das claras usadas na goma para engomar os hábitos, comum a tantas receitas portuguesas de doces conventuais, diz-se também que aqui havia duas órfãs, sobrinhas de uma das freiras, que fizeram uso das suas qualidades de doceiras para sobreviverem financeiramente após deixarem de poder viver no convento, na sequência da Reforma Geral Eclesiástica de 1834. Foram morar para perto, numa casa que passou a ser conhecida como Casa Costinhas, por elas terem o apelido “Costa” e aí os seus doces ganharam fama. Atualmente, a Casa Costinhas mantém-se no mesmo local do centro histórico vimaranense e é uma conhecida confeitaria, gerida pela quinta geração de mulheres descendentes da freira e respetivas sobrinhas, onde ainda se fabricam as Tortas de Guimarães conforme a receita original, secreta, e que nunca foi escrita.

As Tortas de Guimarães foram semifinalistas às “7 Maravilhas da Gastronomia”, na categoria de Doçaria de Portugal, apresentado pela RTP em 2019.


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