CARNE MERTOLENGA
“Seria
desejável que a qualidade das gorduras fosse semelhante à das raças autóctones
portuguesas, nomeadamente, a Mertolenga e a Barrosã, que são criadas em
pastoreio e com forragens ricas em termos dietéticos em vez de sistemas de alimentação
intensivas.”
[Eng.
Jorge Borges de Sousa, consultor, formador e examinador externo da Advanced
Food Safety do Reino Unido]
A
Carne Mertolenga é uma carne de bovino, a cuja raça é atribuído este nome,
derivado da região alentejana de Mértola, além das de Alcoutim e Martinlongo. A
raça mertolenga está ligada ao típico montado alentejano, contribuindo para a
sustentabilidade deste ecossistema.
Este
tipo de bovinos são relativamente pequenos, não muito corpulentos, mas rijos
para carrear e para lavrar (conhecidos também como bois de cabrestos) e estão
bem adaptados aos cerros ásperos da transição do Baixo Alentejo para o Algarve.
Actualmente o efectivo
reprodutor Mertolengo distribui-se pelos distritos de Castelo Branco, Santarém,
Setúbal, Portalegre, Évora, Beja. Existe ainda um efectivo em São Miguel, na
região dos Açores, e outro em Viseu na região de Vila Nova de Paiva. Nas zonas
geográficas definidas pelas bacias hidrográficas do Sado e Tejo predominam os
efectivos de pelagem vermelha ou vermelha bragado (36%). Nas regiões de
Portalegre, Évora e Beja predominam os efectivos de pelagem rosilho
(mil-flores) (47%), ficando os efectivos de pelagem malhada (17%), na sua
maioria, na margem esquerda do Guadiana.
A raça Mertolenga é explorada completamente a céu aberto, em sistemas
extensivos sendo uma das raças mais representativa deste tipo de sistemas. Após
o desmame dos vitelos, a maioria dos criadores alimenta a vacada “à mão” desde
o final do Verão até final do Inverno, com palhas, fenos, silagem e outros
sub-produtos e poucos com rações de manutenção ou até concentrado/cereal.
A Carne Mertolenga pode ser comercializada em carcaças, meias
carcaças, peças de talho embaladas sob vácuo, em cuvetes de atmosfera
controlada e processada fresca ou congelada. Normalmente, o consumidor
doméstico pode encontra-la nas grandes superfícies embalada em cuvetes, com o
logótipo da DOP e o selo de certificação. Os produtos Carne Mertolenga também estão disponíveis na restauração.
Pela sua tenrura, suculência e
intensidade do sabor da carne, além das limitações à produção, a Carne
Mertolenga tem vindo a posicionar-se no mercado gourmet desde 2010,
adaptando-se a imagem institucional e das embalagens, ao novo conceito de
negócio.
Historicamente, com a abertura da fronteira ao gado dos dois países
ibéricos, por volta de 1900, vieram entre eles, bovinos malhados que, já em
Espanha tinham fama pela rusticidade e boa unha para a campanha do gado bravo.
Umas reses ficaram na margem esquerda do Guadiana, outras foram para as feiras
de Garvão e Aljustrel e daí para o Ribatejo.
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