CANJA DE GALINHA
“Cautela e Canja de Galinha não fazem mal a
ninguém” [Ditado Popular]
A
canja de galinha é uma sopa típica portuguesa, tida como reconfortante,
sobretudo em estados de saúde mais debilitados. Tem por base o caldo onde é
cozida a carne de galinha (preferencialmente gorda), ao qual se junta sal e arroz
carolino ou massa, dependendo da região e/ou costumes.
Embora
esta sopa seja uma refeição comum, durante todo o ano, à mesa de praticamente
todas as famílias portuguesas, em regiões como Trás-os-Montes e Alto Douro é
uma das receitas tradicionais de Natal.
Crê-se
que esta receita é de origem asiática, tendo o nome derivado de kanji, um ensopado de
arroz indiano típico da Província de Malabar, região onde fica atualmente se
situa Goa. Garcia da Orta, médico da Corte de D. João III, tendo embarcado para
a Índia como médico pessoal do então nomeado Governador, Martim Afonso de Sousa
(e posteriormente, médico de figuras relevantes da política oriental, assim
como exercendo medicina no hospital e prisão de Goa) terá aproveitado a
popularidade local desta mistura de água com arroz para criar uma sopa mais
nutritiva, incluindo a galinha, temperos e legumes e difundi-la nos “Colóquios
dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia”.
A
Canja de Galinha tornou-se mais conhecida por altura da primeira invasão
francesa, em que esta sopa foi servida a Wellesley quando desembarcou em Lavos
e aí estabeleceu o seu quartel-general por oito dias, período de tempo
necessário ao desembarque de todas as suas tropas. Em cartas dirigidas à sua
esposa, Kitty Pakenham, descreve a dita sopa e identifica ingredientes como:
galinha, orelha e toucinho de porco, enchidos, couve, massa, cebola e sal. Cada
conviva teria junto de si uma malga para a sopa, um prato para as carnes
servidas à parte e outro com hortelã de que se juntava à sopa ao gosto de cada
um.
Já no
reinado de D. Maria I (século XVIII / início do século XIX), na cozinha do
Palácio da Ajuda havia diariamente Canja, pois a Rainha acreditava que este
caldo era fundamental para a manutenção da saúde.
A Família Real levou a
receita para o Brasil. Curiosamente, D. Pedro II, último Imperador do Brasil
(século XIX), também consumia Canja de Galinha diariamente, até mesmo nos
intervalos dos espetáculos. Conforme conta J. A. Dias Lopes em “A Canja do
Imperador”, os historiadores da época comentam que o monarca fazia questão de
“saborear uma canja quente entre o segundo e o terceiro atos, que só começava
depois de ser dado o sinal de que Sua Majestade terminara a ceiazinha”.
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