PÃO-DE-LÓ DE ALFEIZERÃO


 
"(...) mais fofo, simples e saboroso não existe. Uma nuvem! E depois, há aquela surpresa de descobrir um coração cremoso e amarelinho no interior." [Elvira Bistrot]

O Pão-de-Ló de Alfeizerão compõe-se de ovos (gemas e inteiros), açúcar e farinha. Caracteriza-se por não ser seco revelando no seu interior um creme de ovo e constitui uma das mais populares receitas de pão-de-ló português.

Um exemplo da ligação entre a doçaria conventual e a doçaria tradicional portuguesa, o Pão-de-Ló de Alfeizerão tem vindo a ser um dos doces presentes nas mesas de Natal e de Fim de Ano. Apesar da receita ser simples e possível de se fazer em casa, o segredo do genuíno Pão-de-Ló de Alfeizerão  reside na cozedura no forno, em formas de cobre untadas com manteiga, e no ponto em que fica o creme.

A sua confecção, com origem nas freiras do convento cisterciense de Cós acabou por ser conhecida por outros povos, por influência dos missionários portugueses, tendo em conta que na era quinhentista Alfeizerão, na zona centro - oeste de Portugal, era um importante porto de mar. Daí que ainda hoje se fabrique na Malásia, Ceilão, Índia, Tailândia e Japão, não sendo de estranhar a muitas visitas de cidadãos japoneses a Alfeizerão para saborear o pão-de-ló no local de origem. Diz ainda a tradição que após o encerramento do convento, durante as lutas liberais, as freiras foram acolhidas por famílias de Alfeizerão. D. Amália Grilo, a quem as freiras tinham passado directamente a receita, começou a fabricar o Pão-de-Ló de Alfeizerão, por encomenda, para nobres da vila e da região. Inclusivamente, no dia em que D. Carlos visitou Alfeizerão, foi chamada para confecionar um pão-de-ló para o rei. Mas a pressão sentida foi tal, que a cozedura ficou incompleta. Todavia, mereceu a preferência real e da comitiva, nascendo assim o Pão-de-Ló de Alfeizerão como hoje o conhecemos. Face a este sucesso, nas primeiras décadas do século XX iniciou-se a produção e comercialização da famosa iguaria, então conhecida por “Pão-de-Ló da Tia Amália” e habitualmente confeccionada na região em dias festivos. Este pão-de-ló conquistou, durante a década de 30, medalhas de prata e ouro em certames da especialidade.

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