PERÚ RECHEADO DE NATAL


 
“Era costume sempre, na família, a ceia de Natal. Ceia reles, já se imagina:

(…) castanhas, figos, passas, depois da Missa do Galo.

Empanturrados de amêndoas e nozes (…) empanturrados de castanhas e monotonias, a

gente se abraçava e ia pra cama. Foi lembrando isso que arrebentei com uma das minhas "loucuras":

– Bom, no Natal, quero comer peru.

Houve um desses espantos que ninguém não imagina. Logo minha tia solteirona e santa, que morava connosco, advertiu (…)

– (…) essa mania... Quando é que a gente já comeu peru em nossa vida! Peru aqui em casa é prato de festa, vem toda essa parentada do diabo...”

[Mário de Andrade, O Peru de Natal]

 
 
Entre nós, nos tempos medievais, a ave servida às mesas nobres pelo Natal era um ganso, um pavão ou um cisne. No século XVI, na sequência da descoberta de “novos mundos”, chega-nos do outro lado do Atlântico o peru, que acabou por se sobrepor às outras aves que eram servidas no Natal, até porque além de logo se perceber que eram menos dispendioso, tinha um excelente sabor e ganhava peso mais facilmente.

Com estas características, o peru tornou-se alimento nas grandes ocasiões, quer em Portugal, quer no resto da Europa, tendo sido posteriormente introduzido nos EUA.

Relatos históricos defendem que o peru foi descoberto por Cristóvão Colombo, quando chegou à América pensando que estava na Índia – daí que o peru em Itália se chame “gallo d’India”, em França “coq d’Inde” ou na Alemanha “calecutischerhahn” – em referência a Calcutá. Em Portugal designou-se a ave de “peru”, por desde logo se acreditar que seria originária do Peru, na América Latina.

No nosso país, o peru é principalmente consumido no almoço do dia de Natal, momento em que a sua preparação permite ser degustada com mais demora, deixando o protagonismo da consoada ao bacalhau (ou a carnes diversas, como no caso do Alentejo), de digestão mais leve e rápida para a seguir se assistir à tradicional Missa do Galo.

 Perú Recheado com ameixas e frutos secos

1 Cebola

1 Limão

1 Laranja

Sal: q.b.

Para o recheio

Carne de porco picada: 600 g

Ovos: 2

Brandy: 1 Cálice

Sal: q.b.

Pimenta: q.b.

Pinhões: 25 g

Sultanas: 50 g

Ameixas pretas: 250 g

Fio incolor: q.b.

Para o molho

Vinho branco: 3 dl

Manteiga: 70 g

Água (ou caldo de carne): 1 lt

Sal: q.b.

 
Lava-se e limpa-se o peru e corta-se o pescoço e as asas. Pica-se a carne com uma agulha, colocando o peru num alguidar com água fria, temperada com bastante sal e os citrinos cortados às rodelas. Deixa-se repousar cerca de 3 horas. Para o recheio: Numa tigela, mistura-se a carne picada com os ovos, o brandy, o sal, a pimenta, os pinhões, as sultanas e as ameixas descaroçadas. Amassa-se tudo muito bem. Introduz-se o recheio anterior no papo do peru e cose-se com fio incolor, ou embrulha-se em papel de alumínio, previamente untado com manteiga, fechando-o e atando-o com fio para segurar melhor. Coloca-se o peru num tabuleiro e, em volta, dispõem-se as asas e o pescoço da ave, em pedacinhos, a cebola igualmente cortada e o recheio, se o preparar à parte. Rega-se com 2 dl de vinho branco e a manteiga. Leva-se ao forno, cerca de 1 hora, até o peru e o recheio estarem bem assados.

Quando o peru estiver assado, retira-se e trincha-se. No tabuleiro prepara-se o molho, juntando-lhe 1 litro de água ou de caldo de carne e o restante vinho branco. Leva-se ao lume e deixa-se ferver e reduzir para metade. Serve-se o peru com o recheio em volta, decorado a gosto. Para acompanhamento, sugerem-se rodelas de ananás, fritas e batatas assadas.

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