TOUCINHO DO CÉU




“A cor dourada da gema em um doce de textura firme e cremosa,
com pequenos grânulos de amêndoas, (...)”

O Toucinho do Céu deve o seu nome ao facto de a receita original integrar banha de porco e ter origem nos conventos.
Trata-se de um doce feito à base de amêndoas peladas e raladas, gemas de ovos, algumas claras, açúcar granulado e açúcar em pó para polvilhar, água, farinha. Consoante a região poderá ainda levar doce de gila ou canela.
Sendo um dos doces mais tradicionais de norte a sul de Portugal, com algumas variantes regionais na receita, crê-se que os Toucinhos do Céu mais afamados são o de Murça (Trás-os-Montes) e o de Guimarães.
Em Murça e enquanto doce conventual transmontano, o Toucinho do Céu é uma herança das freiras beneditinas que residiram no mosteiro local até ao século XIX. Acredita-se que a receita original terá partido daqui para o resto do país, após extinção das ordens religiosas.
Já em Guimarães, esta iguaria terá nascido no Convento de Santa Clara em 1564, quando 2/3 dos rendimentos e frutos da Igreja de Santa Cristina de Arões eram destinados ao Convento de Santa Clara e por isso em 24 de Julho (Dia de Santa Cristina), as freiras mandavam ao Abade de Arões uma caixa de Toucinho do Céu, com nove unidades, para adoçar sua boca e ele não atrasar a remessa de rendimentos. Cerca de dois séculos mais tarde, o Toucinho do Céu passou a ser comercializado directamente, para aumentar a renda das religiosas e fazer face às despesas. O êxito acabou por ser tal, que em 1758 o Arcebispo de Braga proibiu-as de se dedicarem à pastelaria, desde a véspera do Advento até ao dia 7 de Janeiro, a fim de se dedicarem mais a Deus e em 1769 o mesmo clérigo proibiu as freiras de vender este e outros doces para qualquer membro eclesiástico, excetuando em caso de enfermidade na família. Em 1776 este impedimento terminou com a reclamação dos direitos de comercialização dos doces, por parte da abadessa do Convento de Santa Clara, uma vez que os restantes conventos da região o faziam. Curiosamente, as duas últimas freiras do Convento de Santa Clara, Ana Angelina e Antónia Amara marcaram presença com o seu célebre Toucinho do Céu, na Exposição Industrial de Doces, em 1884.

Comentários

Mensagens populares