SERICAIA | ALENTEJO
“Uma malta da cidade
Chamou-me de provinciano
Eu tenho grande vaidade
De ter nascido alentejano!”
Chamou-me de provinciano
Eu tenho grande vaidade
De ter nascido alentejano!”
[Paco Bandeira, “A minha Cidade (Ó
Elvas)”]
A conhecida
Sericaia é uma sobremesa tipicamente alentejana, com origem reclamada por Elvas
e por Vila Viçosa, em cujos Conventos das Clarissas e das Chagas,
respectivamente, se diz ter iniciado o fabrico deste doce.
Dúvidas
à parte, a verdade é que podemos encontrar a Sericaia um pouco por todo o
Alentejo, em especial no Alto Alentejo. É um doce de sabor único, confecionado
com ovos, açúcar, leite, farinha, canela e limão, com uma textura fofa,
apresentado propositadamente como se a massa estivesse partida e gretada por
antes da cozedura ser colocada no prato de barro às colheradas desencontradas.
Passou a ser acompanhado de ameixa de Elvas (já dada a conhecer neste blogue!)
e sua calda, para conjugar com outra iguaria local (e agora, sem dúvidas, a
partir de uma invenção local para aproveitamento da ameixa produzida na
região).
De
salvaguardar, no entanto, que há gastrónomos que asseguram que a junção no
prato com a ameixa de Elvas constitui uma adulteração desta iguaria; outros
dizem que uma vez que não se trata de uma sobremesa muito doce, sem a calda e
as ameixas não consolaria. Caberá a cada um saborear a Sericaia a gosto.
Voltando
à história, defende-se que a Sericaia teve origem no Convento das Chagas de
Vila Viçosa, mas que foi no Convento de Nossa Senhora da Conceição ou no de
Santa Clara, em Elvas, que o doce passou a confecionar-se da forma como hoje o
conhecemos, acrescentando-se-lhe canela, então levado ao forno em pratos de
estanho. Todavia, alguns acreditam que a origem da Sericaia é mais remota e que
terá sido um criado de D. Constantino de Bragança, 7º Vice-Rei da Índia, que
trouxe a receita de Malaca, na Índia.
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