FARTURAS




Pode-se ir à feira, trazer de lá qualquer compra, andar nas diversões, mas vir embora sem comer uma fartura, é o mesmo que não ter por lá passado…

As Farturas são das iguarias doces mais tradicionais em qualquer feira, festa ou romaria em Portugal. Não há evento destes onde não se vendam, seja em pavilhões, “roulottes” ou carrinhas equipadas com cozinha ambulante.
A receita é simples, aproveitando-se ingredientes básicos, à disposição com mais abundância, ou seja, “fartura”: água quente, farinha, fermento em pó, bicarbonato de soda, sal, óleo para fritar, açúcar e canela. Daqui sai um bolo frito em forma de rolo que se vai cortando com tesoura e passando-se as farturas por uma mistura de açúcar e canela, quando ainda estão quentes.
Uns preferem-nas quentes, outros querem-nas frias, mais grossas ou mais finas, estaladiças ou moles (alguns até gostam mais de um dia para o outro), mas sempre douradas e cobertas de açúcar salpicado com canela, acompanhadas de um refrigerante, um chocolate quente, um café ou nada, só mesmo apreciar a Fartura.
As Farturas fazem assim parte das memórias dos portugueses. No geral, recordam momentos de diversão, de conforto, em família ou entre amigos, que se pretende perpetuar, quase que em jeito de ritual, comendo-se pelo menos uma vez por ano, num qualquer momento de lazer, que é quando “sabem melhor” – ainda que muitos o evitem, dada a quantidade de óleo da fritura.
Parece que esta especialidade portuguesa terá sido adaptada dos churros espanhóis, tendo surgido entre nós na década de 30 do século XX (altura coincidente com a Guerra Civil de Espanha e consequente fuga de muitos espanhóis para Portugal). 

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