TIGELADA DA BEIRA




“(…) era vê-las (…) batendo energicamente as gemas destinadas às filhós, às tigeladas, ao arroz doce, ao pão leve... enquanto enxotavam os garotos, que lambareiros, não lhes largavam as saias na esperança de poder rapar os restos de massa doce agarrados aos alguidares de barro e às colheres de pau.”
[Maria Antónia Neves, A Mulher Serrana]


Confecionada com leite, farinha, ovos, mel, açúcar e canela, esta Tigelada, diferente da de Abrantes (já incluída neste blogue) é sempre cozinhada em tacho de barro vidrado e é nesse recipiente que vai à mesa a servir, de onde é cortada em fatias directamente para os pratos.
Trata-se de um doce regional da Beira que se serve especialmente como sobremesa de Páscoa, embora seja uma receita apreciada durante todo o ano, como por exemplo, em casamentos, batizados ou em outras festas e não só na região norte de Portugal. Em Peral, no concelho de Idanha-a-Nova (Beira Baixa), anualmente no dia 1º de maio acontece a Festa das Tigeladas.
Fortemente marcada pela tradição conventual, a doçaria portuguesa apresenta diferentes versões da famosa tigelada, que variam consoante a região. Nas Beiras, sobretudo na Beira Baixa, antigamente os caçoilos de barro da Tigelada eram levados a forno de lenha, por norma comunitário. A tigelada era geralmente cozida a seguir à fornada do pão, ou após se ter assado um cabrito, para aproveitar o forno já bem quente. O doce era feito sobretudo a partir do início do verão, altura do ano em que se começa a crestar as colmeias. Por outro lado, o leite utilizado era o de cabra, dado ser o leite produzido na região, e que dava um gosto característico à tigelada.

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