FRANCESINHA | PORTO




Ele dizia que a mulher mais picante que conhecia era a francesa. Quis dar um toque picante ao prato e chamou-lhe «francesinha»
[Graça Lacerda sobre Daniel David Silva, criador da Francesinha]


A Francesinha é uma receita gastronómica original portuense do século XX. Este prato cheio de substância é composto por uma sande de duas fatias altas de pão de forma, fiambre, queijo, salsichas, linguiça e bife, regada por um molho, também ele consistente, feito a partir de cerveja, caldo de carne, vinho do porto, amido de milho, polpa de tomate, leite, margarina, folhas de louro e piripiri. O ovo estrelado, assim como as batatas fritas em palito são opcionais.
A criação da Francesinha, na década de 1950, deve-se a Daniel David Silva, então empregado no restaurante “A Regaleira”. Tendo estado emigrado em França, criou a iguaria com base na tosta francesa “croque-monsieur”, dando-lhe um toque nacional com ingredientes mais apreciados na nossa cultura.
Tendo fama de mulherengo, Daniel David Silva considerou as portuenses da época demasiado discretas e reservadas para o que estava habituado no estrangeiro. Ao ter de nomear a receita criada, decidiu dar-lhe o nome de “Francesinha”, não só pela adaptação da tosta francesa, mas recordando as mulheres “mais picantes” que teria conhecido, as francesas. Perante esta explicação, as Francesinhas começaram por ser uma merenda mais dirigida ao universo masculino, sobretudo para rapazes solteiros e as mulheres que comessem Francesinhas não eram muito bem vistas.
A Francesinha começou por ser consumida como lanche (reforçado), ou como ceia depois de um programa de lazer tardio. Entretanto, os horários da sociedade moderna deixaram de permitir intervalos para snack a meio da tarde num restaurante ou café, bem como limitaram-se as saídas noturnas e a Francesinha passou a integrar os cardápios de almoço ou de jantar, passando a não ser raro vê-la acompanhada de batata frita e ovo estrelado dando-lhe um cariz (ainda) mais sustentado. Integrada como prato principal, o preconceito esbateu-se e o consumo desta iguaria passou também a ser generalizado às mulheres.
Actualmente, a Francesinha é uma das iguarias mais apreciadas da cidade do Porto, transversal às classes sociais e especialidade de vários restaurantes e cafés.

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