GINJA DE ÓBIDOS (ou GINJINHA DE ÓBIDOS)
“(…) O gosto
que eu vou procurar esquecer
numas ginginhas,
pois dar de beber à dor é o melhor,
já dizia a Mariquinhas.”
que eu vou procurar esquecer
numas ginginhas,
pois dar de beber à dor é o melhor,
já dizia a Mariquinhas.”
(Amália Rodrigues)
O
processo de produção começa nos ginjais da região, onde o fruto é colhido na
fase certa de maturação. Após o processo de maceração que dura no mínimo um
ano, é extraído o licor, sem recurso a corantes ou conservantes artificiais.
A variedade do fruto cultivado nesta área geográfica é
distinta das outras variedades de ginja cultivadas em outras regiões. "A
Folha-no-Pé" que lhe dá o nome local é realmente uma característica
morfológica própria. Por outro lado, a acidez do fruto, particularmente quando
cultivado nesta região é bastante elevada, sendo determinante para o sabor e
equilíbrio final do licor - com frutos pouco ácidos, o licor, que tem uma
elevada quantidade de açúcar, tornar-se-ia demasiado enjoativo! Já
relativamente às características olfactivas, por comparação com infusões de
outras variedades feitas nas mesmas condições, sabe-se que o aroma a canela
(natural do fruto) é transmitido ao licor apenas quando este é obtido a partir
dos frutos da variedade cultivada nesta região. Da junção da canela com a amêndoa
amarga, resulta um aroma mais intenso, envolvente e complexo que não aparece
nas infusões de qualquer outra variedade.
Na Etnografia Portuguesa, José Leite Vasconcelos, refere que Plínio O Velho (séc. I d.C.), famoso escritor
romano, louva as ginjas da Lusitânia, sendo que no Oeste do nosso país,
nomeadamente no actual concelho do Óbidos, as ginjas silvestres eram
consideradas as melhores graças ao microclima.
Já sobre a produção do licor de ginja, acredita-se que a origem deste néctar remonta ao séc.
XVII, de receita conventual, da qual um frade beneditino tirou partido das
grandes quantidades de fruto existentes na região, executando o refinamento do
licor hoje conhecido. A fórmula foi gradualmente difundida, passando o licor a
ser confeccionado a nível familiar por obidenses, orgulhosos de presentear ilustres
hóspedes com a melhor das ginjas. E mais ou menos alcoólica, doce ou ácida, a
ginja tornou-se um ex-libris
da vila que (também) cede a fama a Óbidos. Nos dias de hoje, a
procura deste licor tem vindo a aumentar por força do desenvolvimento turístico
da vila de Óbidos. Aconselhado a ser degustado a uma temperatura de 10º, é
costume servi-lo com a fruta curtida no fundo do copo, popularmente dito “com
elas”, ou quando puro, “sem elas”. E aproveitando o sucesso que outra
iniciativa municipal tem vindo a exercer na agenda turística de Óbidos – a
Feira do Chocolate – passou a vulgarizar-se servir a Ginjinha em pequeno copo de chocolate.
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