PRESUNTO DE BARRANCOS
“Estamos
perante um caso raro no extenso e valioso painel de enchidos portugueses.”
[folclore-online.com]
O Presunto de Barrancos, tradicional desta vila alentejana, é um
presunto obtido exclusivamente a partir de pernis de porcos adultos (entre 12 a
20 meses de idade) de raça alentejana, criados em regime de montado.
Reconhecido com Denominação de Origem Protegida (DOP) desde
1995, fazendo prova disso a marca a fogo com a cruz da Ordem de Avis nos
presuntos, a área geográfica de origem dos porcos destinados ao fornecimento de
matéria-prima circunscreve-se à maioria do território do Alto e Baixo Alentejo,
à excepção de: concelho do Gavião, freguesia de S. João Baptista do concelho de
Campo Maior, freguesia de S. Pedro do concelho de Elvas, freguesia de S. Matias
do Castelo do concelho de Alcácer do Sal, freguesia de Melides do concelho de
Grândola, freguesias de Vila Nova de Mil Fontes e de S. Teotónio do concelho de
Odemira, freguesia de Sto. André do concelho de Santiago do Cacém e concelho de
Sines. Já a área geográfica de produção e transformação do Presunto de
Barrancos está limitada ao concelho de Barrancos, cujas características de
localização lhe conferem as condições naturais ideais de secagem e maturação do
produto.
O Presunto de Barrancos é dos poucos que, em Portugal, é seco em
vez de fumado e é nisto que reside a sua originalidade. De facto, cada pernil
com peso fresco superior a 6 kg é deixado a repousar durante cerca de 24 horas,
depois é aparado e preparado através de uma massagem energética para eliminar
líquidos internos, é salgado durante cerca de uma semana, lavado e escorrido
entre 2 a 5 dias, repousa depois para que o sal se distribua de forma mais
homogénea por todo o presunto e a água residual se vá eliminando, é seco,
envelhecido com intervenção de flora microbiana que lhe confere sabor e aroma
característicos e é curado ao ar entre 6 meses a 2 anos – sendo os presuntos
com uma cura de perto de 2 anos considerados “de reserva”.
Após este processo de transformação os presuntos deverão
apresentar um peso não inferior a 5 kg, coloração rosa a encarnado púrpura,
sabor e aroma suaves, pouco salgado e por vezes com travo picante, teor de
gordura entre 17% a 20%, textura pouco fibrosa e como tal, macia.
Pela proximidade da vila de Barrancos à fronteira com Espanha e
dado o modo de produção associado às características naturais da região, o Presunto
de Barrancos é o que se assemelha mais aos presuntos estremenho e andaluz,
ainda que o peculiar sistema agro-silvo-pastoril, único no mundo, que é o
montado, lhe permita fazer a diferença, desde a matéria-prima.
Tanto nas operações de obtenção da matéria-prima como no
processo de transformação, são utilizadas técnicas ancestrais, estando os
montados de Barrancos protegidos desde 1513, conforme consta no foral Manuelino
de Noudar. A produção de suínos já se verificava nesta época e o fabrico de
presunto inseria-se na economia doméstica, que perante a escassez de bens
alimentares aproveitava e transformava os recursos existentes como reserva
alimentar e como moeda de troca.
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