VINHO DO PICO
“E se é certo que o
vinho tem alma, a do “Pico” emana com certeza da madre do seu Vulcão. “
[Tomaz Duarte, historiador]
O Vinho do Pico consiste na designação genérica dada aos vinhos produzidos
na ilha do Pico, nos Açores, nos tipos licorosos (a partir do emblemático “verdelho”),
brancos, tintos e rosés.
As uvas são produzidas predominantemente em solos de “lajido”. As cepas são
plantadas em fendas da lava de basalto, protegidas por um labirinto de muros de
pedra vulcânica solta (formando as curraletas)
com cerca de 1 metro de altura, pequenos compartimentos protegidos dos ventos
com poucas cepas cada, a poucos metros do mar e até uma altitude de 100 metros,
que recriam um ambiente de chuva, ao permitirem a manutenção de calor durante a
noite mantendo, no período de maturação, uma amplitude térmica muito baixa, de
que resultam mostos com teor alcoólico entre 14º a 17º. As fracas amplitudes
térmicas e as precipitações elevadas, distribuídas regularmente ao longo do
ano, contribuem também para a produção deste vinho de grandes tradições. Na
costa noroeste e leste da ilha, a vinha é cultivada em conjunto com figueiras,
permitindo a produção de aguardentes de figo.
Dada a paisagem resultante deste cultivo possuir características únicas, em
2004 a UNESCO classificou-a como Património da Humanidade.
A área geográfica do Vinho do Pico abrange os terrenos litorais dos
concelhos da Madalena, São Roque e Lajes do Pico.
Pensa-se que foram os frades franciscanos que introduziram o plantio da
vinha na região, por o vinho ser um elemento essencial na celebração da missa.
Ao verificarem que as condições naturais eram idênticas às da Sicília,
trouxeram de lá (provavelmente via Canárias e Ilha da Madeira) várias plantas
da casta mais conhecida, o Verdelho. No século XVII o Vinho do Pico tornou-se famoso
e passou a ser exportado para outras ilhas. No século XVIII era exportado para
o Brasil, Índias Ocidentais, Terra Nova, Antilhas, Estados Unidos e sobretudo,
para todo o Norte da Europa – documentos históricos contam-nos que o Vinho do
Pico era considerado nas cartas de vinhos dos banquetes reais, que os Czares
enviavam os seus barcos para recolherem o néctar, os médicos receitavam-no e
até Leon Tolstoi o refere na sua obra, “Guerra e Paz”.
Durante a década de 70 do século
XX introduziram-se novas castas para vinhos de mesa: o verdelho dos Açores, o
arinto e o terrantez do Pico.
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