CALDEIRADA
“Em vésperas de caldeirada, o outro dia,
Já que o peixe estava todo reunido,
Teve o guraz a ideia de falar à assembleia,
No que foi muito aplaudido(…)”
Já que o peixe estava todo reunido,
Teve o guraz a ideia de falar à assembleia,
No que foi muito aplaudido(…)”
[Amália Rodrigues, Caldeirada]
A
Caldeirada é uma especialidade gastronómica portuguesa que tem origem nas
refeições que os pescadores preparavam a bordo para se retemperarem do esforço
da faina, utilizando para a confeção os peixes com menos valor comercial.
Mas se é verdade que onde há pescadores há Caldeirada, também se verifica que cada terra a prepara de forma diferente.
Mas se é verdade que onde há pescadores há Caldeirada, também se verifica que cada terra a prepara de forma diferente.
A
Caldeirada poveira (Póvoa de Varzim) destaca os seguintes peixes: congro, raia,
tamboril, lula, assim como a amêijoa – outrora mais comum quando a Póvoa de
Varzim era uma simples praia e que ainda se coloca no fundo do tacho, para
evitar que o cozinhado pegue. Dos campos que circundam a cidade aproveitam-se a
batata, o tomate, o pimento, a cebola, para misturar na Caldeirada.
Já em
Setúbal é habitual incluir-se safio, pata-roxa, tamboril (com o fígado),
charroco, enguia e raia ou tramelga. Adiciona-se batata, tomate maduro, pimento
verde, massa cotovelinhos, cebolas, alhos, azeite, vinho branco, folha de
louro, coentros, salsa, hortelã, sal e pimenta.
Outro
exemplo, na Nazaré, utiliza-se na Caldeirada o cação, cantaril, safio, raia,
enguias (mas finas), lulas e sardinhas. Das culturas hortícolas vêm os mesmos
produtos que em outras regiões do litoral português, ainda que aqui se adicione
banha, colorau e malaguetas picantes.
Continuando-se
a fazer uso dos produtos que a pesca praticada nos vários locais dá, temos que
em Peniche, para além de peixes já referidos, se introduz igualmente o ruivo,
cherne, robalo, corvina e há quem ponha também navalheira, dada a considerável
apanha da mesma no local.
Na
Caldeirada à Algarvia são obrigatórios também, entre outros, a tainha, o pargo,
o rascasso (galinha-do-mar). Em mais outro exemplo, na popular Caldeirada à
Fragateiro (com origem nas fragatas do Tejo) adiciona-se aos vários peixes
pescados na zona marisco como lagosta, camarão, mexilhão e berbigão.
A
preparação da Caldeirada não passa pelo refogado, sendo tudo cozido e pode
resultar mais ou menos líquida. Os vários ingredientes são colocados no tacho
em camadas, começando pelos mais duros em baixo e os mais moles em cima. Quando
a batata estiver cozida, todos os restantes ingredientes também estarão
prontos. Tradicionalmente, o tacho onde a Caldeirada é cozinhada é servido à
mesa.
Comentários
Enviar um comentário