AÇORDA À ALENTEJANA | ALENTEJO




Um olhar sobre a alimentação do Alentejo identifica imediatamente produtos e práticas de cozinha com a cultura alimentar muçulmana. As semelhanças permitem concluir que a cozinha árabe foi a verdadeira matriz da cozinha alentejana”.
[Alfredo Saramago, Historiador]


A Açorda à Alentejana é dos pratos mais conhecidos da gastronomia do Alentejo. A composição de base são os dentes de alho, sal, coentros (a que se podem juntar poejos), azeite, água a ferver (mais rica e dará mais sabor à açorda se esta for água da cozedura de bacalhau, pescada ou de outro peixe graúdo), pão caseiro duro cortado aos bocados à mão (para que o azeite e sabor das ervas se entranhem melhor no pão) e ovo(s) escalfado(s) na água fervida. Pode ser acompanhada de sardinhas assadas ou fritas e no Outono é muitas vezes enriquecida com tiras de pimento verde escaldadas previamente na água e também acompanhada com figos maduros ou com uvas brancas de mesa.
Apesar de ter surgido para fazer face às crises alimentares das populações menos abastadas do Alentejo, dada a sua simplicidade e sem precisar de ir ao lume - não é uma açorda seca mas líquida e também não é uma sopa cozinhada mas sim atabafada com água temperada - em termos nutricionais a Açorda à Alentejana revela-se um prato completo.
Historicamente tratar-se-á de um legado muçulmano, que marcou tão fortemente a cozinha do Sul de Portugal. Pelo receituário da presença árabe na Península Ibérica encontramos muitas sopas às quais se adicionava pão esfarelado ou cortado grosseiramente e em tratados da cozinha árabe dos séculos X e XI encontra-se as primeiras designações de açorda: “tarida” que significa pão migado, ao qual se junta alho, coentros e água quente, ou “ath thurdâ”, isto é, sopa com pão.

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