CARNE BARROSÃ
"Embarcações
que rumavam a Portugal, atracavam, carregavam e partiam. Mais tarde voltavam.
Tornavam a atracar, a carregar e a partir. Era a côrte inglesa do século XIX em
busca de carne barrosã garantidamente fornecida pelos produtores."
[in:
Manjar de Reis]
Considerada
a mais bela de entre todas as raças bovinas e sendo quase consensual igual
classificação relativamente à carne que produz, a Carne Barrosã de cor rosada a vermelha escura, com
gordura branca a branca suja, conforme se trate de vitela ou animal adulto, é tenra,
extremamente suculenta e muito saborosa. As fibras musculares de ácidos gordos
insaturados, ómega 3 e ómega 6, ácido linoleico conjugado e antioxidantes,
entre outros elementos, aliados ao baixo teor de colesterol conferem à Carne
Barrosã propriedades aconselhadas ao estado de saúde, principalmente a nível do
sistema cardiovascular, sistema imunitário e pelo efeito anti carcinogénico.
Com
Denominação de Origem Protegida (DOP), o sistema
alimentar desta raça caracteriza-se pela utilização de forragens verdes e
conservadas do Norte de Portugal (erva, palha, feno e por vezes silagem de
milho), utilizando-se como suplemento o milho (em grão, traçado ou em farinha),
o centeio e a batata.
A área geográfica de produção abrange os concelhos de Amares, Braga,
Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Fafe, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Terras
do Bouro, Vieira do Minho, Vila Verde, Felgueiras, Paços de Ferreira, Arcos de
Valdevez, Melgaço, Monção, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Paredes de Coura,
Valença, Boticas e Montalegre.
Para a carne de vitela Barrosã os animais são abatidos entre os 5 a 9 meses
de idade (70 a 130 kg.), na carne de bovino procede-se ao abate entre os 9 e os
36 meses (mínimo de 130 kg.) e para a carne de vaca o abate dá-se quando os
animais têm 3 a 4 anos de idade (igualmente, com um mínimo de 130 kg.).
Comercialmente, a Carne Barrosã apresenta-se em meias carcaças, em peças
embaladas em vácuo, fatiada em vácuo e em atmosfera controlada ou elaborada sob
a forma de hambúrgueres, almôndegas e carne picada.
Com origem que remonta ao período neolítico, através de várias rotas
migratórias dos povos norte – africanos, a raça Barrosã terá chegado à
Península Ibérica ficando
posteriormente geograficamente circunscrita a um pequeno núcleo nas zonas
planálticas do Barroso, onde ainda hoje permanece adaptada ao ambiente agreste
que caracteriza esta zona noroeste de Portugal e aos usos e costumes dos povos
que aí habitam.
No seculo.
XIX, muitas embarcações exportavam milhares de animais diretamente para a Corte
Inglesa – e ainda hoje é vulgar encontrar-se a designação de “portuguese beef”
em restaurantes londrinos, tendo na Carne Barrosã a sua origem.
Em 2012 foi
atribuída a máxima distinção à Carne Barrosã, no Concurso Nacional de Carnes
Tradicionais Portuguesas com Nomes Qualificados, com medalha “O Melhor dos
Melhores”, durante a Feira Nacional de Agricultura de Santarém.
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