PÃO-DE-LÓ DE OVAR




"Em 1781, são obsequiados com Pães de Ló de Ovar os Padres que levaram o andor na procissão dos Passos."
[Padre Manoel de Oliveira Lírio, “Os Passos”]

Ex-libris da gastronomia da cidade de Ovar, o Pão-de-Ló de Ovar é um bolo húmido e fofo, composto por farinha de trigo, bastantes gemas de ovos, algumas claras e açúcar e tradicionalmente envolvido em papel de linho branco.
Sabe-se que, em Ovar, a tradição da confeção do pão-de-ló é conhecida desde os finais do século XVII, tendo origem num convento que existia nas imediações desta cidade vareira. A produção local sofreu um incremento entre 1790 e 1890, uma vez que os ovarenses que trabalhavam sazonalmente nas fainas fluviais do rio Tejo - os fragateiros - levavam para Lisboa canastras de pão-de-ló para presentearem os proprietários das fragatas.
Até final do século XIX o fabrico do Pão-de-Ló de Ovar era artesanal: a massa era batida à mão durante duas horas em alguidares de barro vermelho com uma de madeira, e cozido, em formas também de barro forradas com papel de linho branco, em fornos de lenha aquecidos com pinhas ou ramos secos. Para testar a temperatura do forno, era utilizada uma vara comprida, levando na extremidade uma tira de papel de linho branco, devendo permanecer no interior do forno durante o tempo de orar um pai-nosso, ocasião em que se invocava uma boa cozedura. Uma forma de tamanho médio consumia um arrátel de açúcar. Era tradição ainda que as pessoas da vila fornecessem ovos, açúcar e farinha de trigo, levando para si as claras restantes e pagando o chamado "feitio de fabrico". Para o transporte dos pães-de-ló, eram utilizados cestos ou tabuleiros que serviam exclusivamente para esse fim, guarnecidos por panos de linho bordados.
Actualmente existem na cidade de Ovar várias casas onde se confeciona e vende o Pão-de-Ló, iguaria que é comum ser acompanhada por um vinho fino.

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