ALFENIM | ILHA TERCEIRA, AÇORES
«O alfenim é como o
cagarro, vem em Março, com as festas de Espírito Santo e vai em Outubro,
quando a produção cai(...)”
[Manuela Cardoso, Ilha Terceira]
O
Alfenim é um doce muito característico da Ilha Terceira e das ilhas do grupo
central açoriano, em geral, confecionado especialmente para as Festas do Divino
Espírito Santo. A massa feita de açúcar, água e vinagre, muito branca e seca, é
apresentada em diversas formas como flores, pombas, galinhas, entres outras.
Nos festejos, os Alfenins são doados como oferendas ou é comum verem-se em
formatos que representam partes do corpo humano, como forma de agradecimento
por milagres obtidos.
Mais
do que uma tradição, trata-se de uma arte. Com esta massa permite-se fazer de
tudo, sendo o limite a imaginação. Moldada tanto pode servir para se comer como
rebuçado, como para enfeitar bolos. O fundamental é o ponto da massa e a
quantidade de vinagre incluída, por sua vez, em função da qualidade do açúcar
utilizado.
A palavra Alfenim vem do árabe “al-fenid” e significa aquilo que é branco, alvo. Segundo Câmara Cascudo, o
Alfenim era uma das gulodices orientais, muito popular em Portugal nos fins do
século XV e princípios do século XVI, aparecendo citado em obras de Gil Vicente
e de Jorge Ferreira de Vasconcelos.
Veio para os Açores com os primeiros elementos mouriscos que ali se fixaram, sendo a sua divulgação facilitada com a produção de cana-de-açúcar, verificada até aos finais do séc. XVI.
Veio para os Açores com os primeiros elementos mouriscos que ali se fixaram, sendo a sua divulgação facilitada com a produção de cana-de-açúcar, verificada até aos finais do séc. XVI.
Com o decorrer dos tempos, a
doçaria conventual da Ilha Terceira ter-se-ia apropriado do Alfenim,
aperfeiçoando não só a massa como também as figuras que com a mesma se fazem,
nomeadamente figuras humanas, de animais e de flores. E passou a ser oferta de
luxo, mimo com que se presenteavam pessoas distintas ou imprescindível na
ornamentação da mesa dos noivos, até passar a estar associado às festas de Espírito Santo.
Durante
as festas o Alfenim surgiu também como uma forma de as famílias obterem um
rendimento familiar extra, a ponto de existir muito secretismo. Os vizinhos
escondiam as suas peças doces dos outros.
Comentários
Enviar um comentário