SOPA DA PEDRA | ALMEIRIM, RIBATEJO
“(…) aquela sopa de cor escura, que
se parecia com as pedras da calçada”
[relato do
proprietário do primeiro restaurante em Almeirim a servir Sopa da Pedra, ao
Correio do Ribatejo]
A
Sopa da Pedra, conhecida em todo o país é uma das iguarias típicas de Almeirim,
no coração do Ribatejo, porventura a que chama mais forasteiros a esta pequena
cidade, ou onde muitos param na sua viagem para comer esta sopa, e por isso
designada de “Capital da Sopa da Pedra” – iguaria que fez crescer a cidade.
Trata-se
de uma sopa com muitos ingredientes, onde se incluem o feijão encarnado, orelha
de porco, chouriço negro da região, chouriço de carne, toucinho entremeado, farinheira,
morcela, batatas, couve lombarda, cenoura, cebola, alho, louro, coentros, sal e
pimenta. A pedra (bem lavada) lá incluída (e, obviamente, não comestível) só
serve para fazer justiça ao nome e à lenda.
Por
Almeirim diz-se que muito antes de ser vendida nos restaurantes, esta sopa era
cozinhada nas casas particulares e terá sido aí que surgiu a tradição, pois era
a comida dos pobres, em que bastava pôr batata e feijoca numa panela com água a
ferver e depois acrescentava-se as carnes e os temperos, conforme as
possibilidades económicas de cada um.
Contudo, reza a lenda
que um frade lambareiro e espertalhão andava em peregrinação e, orgulhoso
demais para pedir comida, chegou a uma casa e pediu que lhe deixassem usar uma
panela para ele preparar um caldinho com a pedra lisa que tirou do seu bornal.
Curiosos, os donos da casa viram o frade colocar ao lume a panela com a pedra e
este logo disse que precisava temperar a sopa. A dona da casa deu-lhe sal, mas
ele sugeriu que ficaria melhor se fosse com um bocado de chouriço ou toucinho.
A mulher foi buscar. Então o frade perguntou se não tinha nada para engrossar a
sopa, como batatas ou feijão, que tivessem sobrado da refeição anterior e
pedido aceite, com o que restou da última refeição da família vieram também
cenouras e carne que estavam junto com o feijão e as batatas. “Agora é que, com
uns olhinhos de couve, o caldo ficava que até os anjos o comeriam!”, disse o
frade e a dona da casa foi à horta e trouxe duas couves tenras. Quando tudo
acabava de cozer, o frade tirou pão do alforge e começou a saborear o caldo. No
final, retirou a pedra do fundo da panela, lavou-a e voltou a guardá-la no seu
bornal… para a sopa seguinte!
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