TRIPAS À MODA DO PORTO
“Um dia, num
restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor
como dobrada fria.
Disse delicadamente ao
missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à
moda do Porto) nunca se come fria. (…)”
[Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa) in:
Dobrada à moda do Porto]
Conseguindo
projeção nacional, as Tripas à Moda do Porto são uma iguaria com enorme valor
na culinária do Porto, a ponto de se poder dizer que são mais um símbolo da
cidade.
Trata-se
de um prato tradicional, confecionado com chispe de porco, mão de vaca, tripas
de vitela (noutras regiões do país designadas por “Dobrada”) muito bem lavadas
em água e sal, galinha, enchidos, tudo isto cortado em pedaços e misturado com feijão
branco. Habitualmente, serve-se também acompanhado de arroz branco.
Às
Tripas à Moda do Porto devem os portuenses o epíteto de “Tripeiros”, do qual se
orgulham pois conforme explicação histórica, se atribui à sua generosidade.
Segundo a lenda dos
“Tripeiros” que parece recolher maior aceitação, este prato remonta ao período
dos Descobrimentos portugueses, quando o Infante D. Henrique, precisando de
abastecer as naus para a expedição a Ceuta (1415) pediu alimentos aos
habitantes da cidade do Porto. Para que a falta de víveres não fosse um
obstáculo ao bom êxito da aventura, os generosos portuenses abateram numerosas
cabeças de gado e entregaram a carne limpa e salgada para que durasse bastante
tempo nas embarcações. A população, por sua vez, ficou com as miudezas, incluindo
as tripas, e em consequência, teve que inventar alternativas culinárias.
Surgiram assim as Tripas à Moda do Porto, que inicialmente eram servidas
estufadas em fatias de pão, já que o feijão só chegou à Europa no século XVII.
A partir desta altura, perduraram até aos dias de hoje e obrigatoriamente
integram o roteiro turístico à cidade do Porto, sobretudo às quintas-feiras,
nas ementas dos restaurantes.
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