ALFARROBA DO ALGARVE
Alfarroba,
o “Chocolate do Algarve”
Portugal
é o terceiro produtor mundial de alfarroba, a seguir a Espanha e Marrocos (este
país, também o maior exportador), mas o aumento de produção nos últimos dez
anos pode levar o Algarve a conquistar uma agricultura sustentável e
transformar o País no segundo produtor de alfarroba do mundo.
Este produto
agrícola típico do Algarve, habitualmente colhido em Setembro, foi inicialmente
só utilizado em rações para animais. Trata-se de uma vagem comestível, de cor
castanha e com sabor adocicado, que mede entre 10 a 20 cm e no seu interior
possui entre 10 a 16 sementes por vagem. Estas sementes de alfarroba
constituíram durante muito tempo uma medida para pesar diamantes - o quilate era o peso de uma semente de
alfarroba, que se julgava (erradamente) ser sempre igual em todas as sementes. Tal semente, que
só representa 10% da vagem, serve como espessante, estabilizante, emulsionante
e tem muitas mais utilizações na indústria alimentar (em licores, bolos,
bolachas, doces, gelados, papas para bebés, farinhas), farmacêutica (nomeadamente em xaropes, medicamentos para reduzir o
colesterol e para combater o cancro), têxtil, cosmética (em cremes hidratantes).
O que resta, a polpa, tem
também um excelente valor nutricional, a partir da qual se pode extrair os
antioxidantes, fazer suplementos para atletas de alto rendimento e, inclusivamente,
como substituto do chocolate, com aparência idêntica mas de sabor mais suave,
razão pela qual a alfarroba também é designada por “chocolate saudável”, dado
possuir um baixo teor de gordura - na Alemanha,
para onde o Algarve exporta uma parte significativa do que produz (a par com a
Bélgica, Holanda e Inglaterra) faz-se, por exemplo, tablete de alfarroba, usada
como produto dietético, em substituição do chocolate, "porque não cria
habituação".
Concretamente,
a farinha de alfarroba é a fracção obtida pela trituração e posterior
torrefacção da polpa da vagem. Contém, em média, 48-56% de açúcar
(essencialmente sacarose, glucose, frutose e manose), 18% de fibra (celulose e
hemicelulose), 0,2-0,6% de gordura, 4,5% de proteína e elevado teor de cálcio
(352 mg/100 g) e de fósforo. Por outro lado, as características particulares
dos seus taninos (compostos polifenólicos) levam a que a farinha de alfarroba
seja muitas vezes utilizada como antidiarreico, principalmente em crianças.
O
aproveitamento deste produto tradicional algarvio está a ser valorizado pela
própria Direcção Regional de Agricultura do Algarve (DRAAlg) e o nível de
plantação na região está em expansão. No Algarve,
depois do boom dos citrinos nos anos
1980, os proprietários das terras estão a virar-se para os frutos secos, com
preços mais lucrativos para os agricultores algarvios. Por exemplo, na zona de
Paderne ultrapassar-se-á as cem mil alfarrobeiras, a que corresponderá uma
produção anual de meio milhão de arrobas de Alfarroba do Algarve. Além de garantir
preços sustentáveis, a alfarrobeira é uma árvore de grande porte, que necessita
de menos água que os citrinos, menos cuidados intensivos e afasta os incêndios
das redondezas pois tem sempre agricultores por perto a tomar conta deste “ouro
negro” algarvio que é a alfarroba.
Um estudo
pioneiro identifica ainda a alfarrobeira como espécie privilegiada na absorção
de CO2, o que tem igualmente vindo a incentivar a expansão dos pomares de
alfarroba.
Da
história aponta-se a possibilidade de a alfarrobeira ter sido trazida pelos
gregos da Ásia Menor, ter sido expandida pelos árabes para o Norte de África,
Espanha e Portugal e as sementes terem sido utilizadas em mumificações no
Antigo Egipto.
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