MEL DO ALENTEJO
“(…)
Tens a mais bela paisagem / Planície de trigais dourados / Papoilas carmim a
enfeitar / És minha rainha coroada / O teu silêncio posso escutar / Entre os
cânticos da bicharada(…)”
[in:
Alentejo entre giestas, de Leo Marques]
O mel abrangido pela Dominação de
Origem “Mel do Alentejo” é produzido pelas abelhas de raça local, Apis
mellifera (sp. Ibérica), através das quais resulta mel monofloral (de
rosmaninho, soagem, eucalipto ou laranjeira) ou mel multifloral. Entre o Mel do
Alentejo monofloral, o de rosmaninho é claro, apresentando tonalidades até
âmbar claro, de aroma e paladar fino e leve. O proveniente de soagem varia
entre âmbar claro a âmbar, possui aroma e paladar suaves, mas tem tendência a
cristalizar no prazo de 2 meses devido à relação frutose / glucose, ficando
então compacto e com tom esbranquiçado ou amarelado. O mel de eucalipto, de cor
âmbar, tem um sabor forte característico das fragâncias eucaliptais e a
cristalização é mais tardia que a do mel de soagem. O mel de laranjeira
apresenta uma cor clara, paladar delicado e aroma característico das fragâncias
únicas dos laranjais, sendo a cristalização mais tardia que a das duas últimas
variedades. No caso do Mel do Alentejo multifloral, em que deve verificar-se
pelo menos uma percentagem mínima de 5% de esteva, ou sargaço, ou rosmaninho,
ou soagem, ou eucalipto, ou cardo, ou tomilho, ou laranjeira, ou alecrim, a cor
varia entre o âmbar claro ao âmbar escuro e o aroma e paladar são ricos e
perfumados denotando a flora de origem.
A zona de produção do Mel do Alentejo
é constituída pelos concelhos interiores da região, como Alandroal, Alvito,
Arraiolos, Barrancos, Beja, Borba, Cuba, Estremoz, Elvas, Évora, Ferreira do
Alentejo, Fronteira, Montemor-o-Novo, Mora, Moura, Mourão, Portel, Redondo,
Reguengos de Monsaraz, Serpa, Sousel, Vendas Novas, Viana do Alentejo,
Vidigueira e Vila Viçosa, onde predominam, entre outras, as espécies de flora
anteriormente referidas, coexistentes com o montado de sobro e azinho
característico da região mediterrânica e determinantes, em quantidade e
qualidade, para a produção apícola.
A tonalidade que o Mel do Alentejo
apresenta é também uma característica desta região, o que vai ao encontro da
preferência do consumidor, uma vez que os méis claros costumam ser mais
procurados nacional e internacionalmente.
Entre os critérios da Denominação de
Origem “Mel do Alentejo” é proibido qualquer tratamento sanitário às colmeias
durante os períodos de produção e quando tenham alças de armazenamento de mel.
No envasilhamento e venda a classificação deverá apresentar-se como: mel
monofloral de rosmaninho (lavandula stoechas); mel monofloral de eucalipto
(eucalyptus s.p.p.); mel monofloral de laranjeira (citrus s.p.p.); mel
monofloral de soagem (echium s.p.p.) ou mel multifloral. As embalagens são de
vidro transparente e incolor, com capacidade até 1000 g e fechadas
hermeticamente – na indústria hoteleira, restauração e catering poderá ser
apresentado ao consumidor em embalagens individuais de material autorizado.
As pequenas indústrias rurais de
produção de mel são uma tradição secular fortemente enraizada nos usos e
costumes dos povos do Alentejo. Já as ordenações dos primeiros reis de Portugal
testemunham os privilégios dados em foral aos “abelheiros”, os quais pagavam os
seus foros e faziam trocas comerciais com o mel que produziam. Por outro lado,
várias citações produzidas desde o século XIV até ao século XX, identificadas
com o modelo da colmeia alentejana e o néctar, referem os cuidados a ter nos
montados, os locais desta região onde tradicionalmente se cultiva ou explora a
apicultura, as características químicas de baixo teor em água nos méis
produzidos no Alentejo, as classificações obtidas em concursos nacionais e
internacionais, as estatísticas. Actualmente, a região do Alentejo ocupa o 2º
lugar no número máximo de colmeias existentes em Portugal.
Comentários
Enviar um comentário