CASTANHA DE MARVÃO
“
... parece estremasse a natureza na fresquidão do arvoredo."
(Frei
Amador Arrais, sobre os castinçais de Marvão)
Algumas iguarias tipicamente portuguesas repetem-se na geografia do
território nacional. Um destes casos é a castanha. Já neste blogue homenageámos
a Castanha de Vinhais, hoje merece consideração a Castanha de Marvão.
Com efeito, a produção nacional de castanha assenta
nas cultivares Longal, Martaínha e Judia, em Trás-os-Montes, Martaínha na Beira
Interior e Bária e Clarinha no Alto Alentejo. Traduzindo-se em Denominação de
Origem Protegida (DOP) temos: Castanha da Terra Fria, Castanha dos Soutos da
Lapa, Castanha da Padrela e Castanha de Marvão - de acordo com especialistas, a região de Marvão é a
"única a Sul do Tejo" onde se verifica a existência de castanheiros.
A Castanha de Marvão, de cor castanho escura baço (a variedade Bária) ou
castanho – avermelhada brilhante (a variedade Clarinha) é produzida nos
concelhos de Portalegre, Marvão e Castelo de Vide, nas variantes fresca e seca
ou pilada.
Com uma produção anual que ronda as 460 toneladas distribuídas por 258
produtores, a apanha da Castanha de Marvão decorre nos meses de Outubro e
Novembro, sendo entregue no próprio dia na cooperativa, onde se procede à
limpeza, seleção (eliminação do fruto bichado, com defeitos ou com
características diferentes da espécie), calibragem (rejeita-se a castanha com
tamanho inferior a 24 mm) e acondicionamento, ou vendida directamente ao
consumidor, à porta da exploração agrícola. Sempre que necessário recorrer-se à
transformação, esta ocorre em unidade industrial, ainda que com grande parte de
intervenção manual.
No caso da castanha pilada, esta dá entrada no “secadeiro” – cujo lume é
feito com madeira de várias origens – até começar a “suar” e seguidamente é
fechada em compartimento durante cerca de 40 dias.
O castanheiro e a castanha modelam a paisagem do nordeste alentejano,
fazendo parte dos usos e costumes da gente desta região do Alentejo. Desde que
há memória em Marvão que serve como fonte alimentar de humanos e de animais e
nos dias de hoje este fruto é também promovido em festa, feira e semana gastronómica
e de doçaria, iniciativas que têm como principal objectivo a recuperação da
gastronomia à base da castanha local.
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