VINHO DE CARCAVELOS


 

"os tão famosos quanto raros vinhos de Carcavelos…"

 

O Vinho de Carcavelos é um vinho licoroso tinto e branco – com direito a menção específica de “Vinho Generoso”, delicado, com graduação alcoólica que varia entre os 17.5 e 20 graus, de cor topázio, aveludado, notas de frutos secos, mel, ligeira madeira, sabor doce, macio, com corpo e persistência, boa estrutura de boca e complexidade com um certo aroma amendoado, adquirindo um perfume acentuado e característico com o envelhecimento. Dependendo do seu nível de doçura, é geralmente classificado como vinho de sobremesa que deve ser servido à temperatura ambiente, em copo tipo Porto, mas também pode ser apreciado como aperitivo, aqui fresco, sobretudo a acompanhar queijo picante.

As castas mais utilizadas no fabrico deste vinho são a Trincadeira, a Galego-Dourado, a Espadeiro e a Negra Mole, embora se possam também usar as castas tintas Periquita e Preto Martinho e outras brancas Boal, Ratinho e Arinto.

O Vinho de Carcavelos é produzido nos concelhos de Cascais e de Oeiras, uma região de clima mediterrânico temperado, sem grandes oscilações de temperatura devido à proximidade marítima, exposição a Sul e ventos dominantes de Norte, que exercem ação de proteção dos vinhedos contra a influência negativa da proximidade do mar, proporcionando, deste modo, um clima favorável à produção de mosto de qualidade, favorecendo as boas condições de maturação das uvas. O maior número de vinhas localiza-se em Cascais – no Vale de Caparide, freguesia de S. Domingos de Rana e na freguesia de Carcavelos. Em Oeiras, é produzido na Estação Agronómica Nacional (EAN). Devido ao grande crescimento urbano da zona, a região hoje ocupada pela vinha é muito pequena, razão pela qual o Vinho de Carcavelos nem sempre se encontra disponível no mercado como outros vinhos portugueses.

A fama dos vinhos de Carcavelos perde-se no tempo. De acordo com uma escritura de aforamento, a videira cultiva-se em Carcavelos desde o século XIV. Existem ainda registos de exportação de Carcavelos para Inglaterra, no século XVII. Na segunda metade do século XVIII, algumas quintas da região foram alvo de reestruturações importantes, que as transformaram em propriedades de grande dimensão a nível local, mas todas estas explorações tiveram o vinho como produto central na sua economia.
O Marquês de Pombal, que o produzia na sua quinta de Oeiras colocou-o no plano do vinho do Porto e do vinho da Madeira e apreciava-o de tal maneira que D. José I presenteou com ele a corte de Pequim em 1752. Durante séculos, a produção deste vinho foi a actividade económica mais importante da região. Aliás, de acordo com documentação da época, o Carcavelos terá mesmo atingido uma produção de três mil pipas no início do século XIX, em resultado do significativo volume de exportação para Inglaterra. A exportação de grandes quantidades deste vinho para Inglaterra deveu-se à prolongada permanência, nesta região, do exército inglês comandado por Wellington, no tempo das invasões napoleónicas.
Em 1994 a região demarcada foi alargada à área entre as ribeiras de Bicesse e de Porto Salvo. De acordo com a regulamentação em vigor, para ser considerado Vinho de Carcavelos legítimo, o produto precisa de ser originário de vinhas da região demarcada, com dois anos, no mínimo, de estágio em madeira e seis meses em garrafa.

Em 2008, foi fundada a Confraria do Vinho de Carcavelos, iniciativa com a qual se pretende garantir a preservação, produção e divulgação desta iguaria nos mercados nacional e internacional.
O ano de 2011 trouxe três medalhas de prata a uma marca deste vinho, distinguido na categoria de vinhos licorosos, no Concurso Internacional de Vinhos “Selezione del Sindaco 2011”, que decorreu em Roma e no 5º Concurso Nacional de Vinhos de Lisboa.

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