PÃO DE UL | OLIVEIRA DE AZEMÉIS
No interior do forno, coze o pão (…). A
massa ganha cor e o cheiro “a Ul“ espalha-se por todo o vale. Mistura-se com a
aragem fresca do dia, com as águas dos rios que correm pela zona. “Toda a gente
fica a saber que estamos a cozer pão”. É um sinal que o vento encarrega-se de
espalhar.
O pão ou as famosas
“padas” de Ul são um ex-libris da região de Oliveira de Azeméis, transformado
em elemento fundamental para o turismo, sobretudo para os que visitam a
freguesia de Ul, onde este produto ainda é fabricado nos típicos fornos
aquecidos a lenha de pinho ou de carvalho, pelo menos 3 horas antes de a massa
levedada neles entrar.
As condições naturais
de Ul, aproveitadas através dos moinhos de água ao longo dos rios Antuã e Ul,
representaram o passo inicial para o desenvolvimento da actividade dos moleiros
e consequentemente, das padeiras, que continuam a manter nesta freguesia do
concelho de Oliveira de Azeméis uma grande dinâmica. Actualmente estão ali
edificados 300 moinhos de água, constituindo um parque molinológico com forno
restaurado, de interesse turístico.
O Pão de Ul é hoje em
dia amassado pelas mãos de 25 padeiras, segundo modo inalterado de confeção que
foi passando de geração em geração, sob uma base de farinha de trigo, água,
fermento e sal, mas com segredo na cozedura. Aliás, por esta fase ser
considerada etapa fundamental na confeção do Pão de Ul, a colocação da massa no
forno representava, por norma, o último patamar da aprendizagem entre as
mulheres da família, já que exigia conhecimento das características do forno e
do processo de cozedura. A modernidade dos fornos industriais ainda não chegou
á confeção deste pão tratando-se desta forma de um produto que ainda mantêm a
sua verdadeira essência.
Com vista à
valorização e qualificação deste pão, bem como a dos seus produtores e das
padarias onde é confeccionado, foi criada em Outubro de 2007, por iniciativa da
Câmara Municipal, a APPUL - Associação de Produtores de Pão de Ul, que congrega
actualmente 27 associados. A Confraria Gastronómica do Pão de Ul tem também
como objectivos principais, a promoção, valorização, defesa da qualidade
superior, divulgação e consolidação desta iguaria.
Todos os Domingos
afluem ao parque molinológico de Ul, um espaço cultural e didáctico – um “museu–vivo”
-, grande número de pessoas que procura o pão típico. Todavia a concentração de
visitantes é maior nos dias 2 e 3 de Fevereiro, data da romaria de S. Brás, festividade
hoje muito associada ao Pão de Ul (e à regueifa), altura em que é possível ver ao
vivo a sua confeção, prová-lo e comprá-lo.
Os moinhos de água
construídos nos caudais dos rios que atravessam a freguesia foram, no passado,
o garante do sustento de numerosas famílias. Documentos do século XVIII já
atestam a presença de moinhos de água em terras de Ul. No início, moeu-se o
milho, depois o trigo e, mais tarde, passou a descascar-se o arroz.
Para preservar a
actividade do fabrico do Pão de Ul, uma herança sócio-cultural do concelho de
Oliveira de Azeméis, em 2002 o Parque Temático Molinológico adquiriu património
“molinológico”, uma vez que os moinhos eram, e são, na sua totalidade,
propriedade de moleiros ou dos seus descendentes. Actualmente, o sector de
moagem, embora ultrapassado na predominância que outrora gozou, continua aqui
mantendo grande vitalidade.
Em 2007 a produção de
“padinhas” atingia as 700 unidades diárias, principalmente para consumo em
restaurantes da região.
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