ARROZ CAROLINO DO BAIXO MONDEGO




 “Mondadeira de mãos doces…

Embarca os teus sonhos
De terra molhada,
Na sede das águas…
Solta as velas,
Que guiam o teu corpo,
No perfume das marés.
Entrega ao Mondego
As cantigas da tua pátria
Que os lábios beijam,
No voo das andorinhas (…)”
(de Lurdes Breda, “Mondadeira do Mondego”)
De grão longo e arredondado, o arroz carolino da região do Vale do Baixo Mondego adequa-se tanto à gastronomia tradicional como à culinária inovadora. Tanto se cozinha solto como malandrinho, em pratos elaborados ou em sobremesas, uma vez que adquire facilmente os sabores e os aromas de outros ingredientes.
O arroz carolino é o mais consumido em Portugal. Contém menor quantidade de amilose do que o agulha, o que faz com que seja mais pastoso depois de cozido. É também menos refinado, por isso, mais nutritivo do que o arroz longo. Ao contrário da variedade agulha, na cozedura o arroz carolino absorve os sabores e produz uma goma cremosa, ideal para o consumo ao momento.
Em Portugal, produz-se arroz nos vales do Mondego (em cerca de seis mil hectares), do Tejo e do Sado (perto de dez mil hectares em cada uma destas regiões). O Baixo Mondego é contudo uma área extremamente fértil e a produção de arroz torna-se um dos ex-líbris da região. A Rota do Arroz do Vale do Mondego é composta por um território de dez municípios: no que se refere ao cultivo, Figueira da Foz, Montemor-o-Velho, Coimbra, Condeixa, Soure, Cantanhede e Pombal e no que diz respeito às áreas onde se localizam as unidades de transformação, Penacova, Mirando do Corvo, e Vila Nova de Poiares.
Segundo dados de 2004, a Beira Litoral possuía 1086 explorações, que representavam 60 % das explorações ao nível nacional. Os melhores solos para a cultura situam-se nos Vales Secundários.
A cultura do arroz terá sido introduzida no Baixo Mondego, mais especificamente, na zona de Montemor-o-Velho, no reinado de D. Dinis, a partir de semente procedente da região de Sevilha. Desde a segunda metade do século XIX, largas faixas de terrenos assoreados, alagados ou mesmo cultivados do caudal do rio Mondego foram reconvertidos à cultura do arroz. Os preços e os valores da produção alcançados por este cereal (mais elevados do que os obtidos pela cultura tradicional até então, o milho) justificam, em grande parte, a extensão da orizicultura. A produção de arroz tem evoluído: antigamente eram feitos viveiros, quando a planta tinha três ou quatro folhas, e era plantada à mão; hoje em dia, o arroz é plantado mecanicamente. Por outro lado, apostou-se em variedades de tipo japónica (carolinos e médios), dadas as condições naturais da Beira Litoral serem favoráveis, permitindo uma produção exclusiva de carolinos cuja qualidade já é certificada como Indicação Geográfica Protegida.
 

 






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