CACHOLEIRA BRANCA DE PORTALEGRE
“Cacholeira:
o seu nome deriva da palavra cachola, que é usada para designar o fígado
do porco”
A
Cacholeira Branca de Portalegre, de tonalidade acinzentada e castanha,
cilíndrica, com diâmetro entre 30 a 50 mm e comprimento até 50 cm é um enchido
feito essencialmente com fígado, baço, coração, pâncreas e gorduras macias do
porco de Raça Alentejana, aos quais se adiciona sal e por vezes alhos secos e
cominhos. Pelo facto de não ser adicionado sangue, a cor deste enchido torna-se
mais clara. A massa tem uma consistência semimole, obrigatoriamente homogénea e
em perfeita ligação – ainda que varie segundo a alimentação e percentagem de bolota
ingerida pelo porco - de aspecto marmoreado de cor castanha-acinzentado. O
invólucro faz-se de tripa natural seca, obtida exclusivamente do intestino
delgado e do intestino grosso do animal.
Boa
para grelhar, como petisco ou como ingrediente do cozido alentejano, esta
iguaria possui sabor agradável, suave ou delicado, pouco salgado e é agradávelmente aromática.
Após
a fase de enchimento da tripa dá-se o tratamento por escaldão durante o tempo
suficiente para que a cacholeira fique cozida, o que acontece quando, picada
com um alfinete tradicional e de material apropriado, não deitar sangue. De
seguida é cuidadosamente submersa em água fria 2 a 5 minutos.
Sendo
um enchido característico do Norte Alentejano, a área geográfica de
transformação está limitada a todos os concelhos do distrito de Portalegre,
tendo em conta o microclima especial da região, o saber fazer das populações e
os métodos locais. É condição para o processo de fabrico da Cacholeira Branca
de Portalegre que o porco de Raça Alentejana
seja criado em regime extensivo ou semiextensivo, em explorações agrícolas que
disponham de uma área de montado de azinho e / ou sobro, verificando-se
maioritariamente um regime de produção ao ar livre.
O
aparecimento da Cacholeira Branca de Portalegre resulta da existência de uma
oferta concentrada de carne de porco numa dada época do ano, aliada à
dificuldade de escoamento face à distância em relação aos grandes centros
urbanos de consumo, o que fez com que se aprofundassem as técnicas de transformação
e conservação da carne de porco por processos tradicionais de salga e secagem. Já
citada em 1750, conforme memórias paroquiais, a Cacholeira Branca de Portalegre
chegou a fazer parte de um cabaz de produtos que constituíam, simultaneamente,
reserva estratégica e como moeda de troca numa economia fechada. Em 1960 Costa
Andrade refere a qualidade e tipicidade do produto e a sua função como pilar da
economia local desde tempos imemoráveis, juntamente com outros enchidos da
região, pelo que defendia a preservação e proteção da cacholeira, o que veio a
acontecer através de controlo e certificação legais pela Associação de
Agricultores do Distrito de Portalegre e pelo reconhecimento da Indicação
Geográfica Protegida (IGP) em 1997.
Comentários
Enviar um comentário